sábado, junho 16, 2007

Margarida Maria Alves

Comentário Moisés Basílio: "Quem sabe mais, luta melhor". É um frase do meu grande amigo Humberto Bodra, já falecido, que muito me motivou nas trilhas do conhecimento. A notícia do julgamento dos assassinos de Margarida Alves me traz de volta a memória da Margarida e das nossas lutas. Em 13 de agosto de 1983, estávamos a dias da fundação da CUT, que aconteceria em 28 de agosto de 1983. Quanto tempo, quantas lutas... Margarida virou um mito da luta popular. Aqui no distrito do Sapopemba, no bairro da Fazenda da Juta, há um rua com seu nome. Mas a luta continua, seja na punição dos assassinos de Margaridas, seja nos sonhos que Margarida sempre acalentou. Nunca me senti bem com uma letra de uma música do Geraldo Vandré que era mais ou menos assim: "Se alguém tem que morrer, que seja para melhorar". Nunca quero a morte de ninguém, mas o verso de Vandré se casa com Margarida. Sua morte melhorou muito o Brasil. Quem viveu as lutas populares dos anos 80 sabe a importância que teve essa Mulher. Axé Margarida!



Trabalhadora rural, rendeira, presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, Paraíba.

Foi assassinada por um jagunço a mando de latifundiários da região, no dia 13 de agosto de 1983.

Destacou-se pela defesa dos direitos do trabalhador sem terra, pelo registro em carteira, pela jornada de 8 horas, pelo 13° salário, férias, entre outros direitos.

Raimundo Francisco de Lima, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São Pedro, Rio Grande do Norte, assim se expressou para homenagear Margarida:

No dia doze de agosto

do ano de oitenta e três

parece que a natureza

descuidou-se ou não sei

fazendo com que Margarida

víssemos pela última vez.

Margarida porque tinha

trabalho de consciência

saiu deixando um trabalho

por outro mais de urgência

sem saber que os patrões

usariam da violência.

Estando na sua casa

conversando com o marido

foi visto por um vizinho

quando chegou um bandido

chegando deixar seu corpo

sem vida no chão caído.

Seu Casimiro que estava

nesta mesma ocasião

sentado em uma cadeira

olhando a televisão

foi escutando um disparo

e vendo a esposa no chão.

O Rio Grande do Norte

e Pernambuco também

o povo da Paraíba

de Itambé e Belém

sentiram este drama triste

por tanto lhe querer bem.

Chora toda a Paraíba

que conhecia a mulher

por ser muito combativa

e mantinha a classe em pé

a morte de Margarida

para o povo é taça de fé.

Com ela são trinta e dois

já vítimas de violência

queremos que a justiça

use de mais consciência

tomando de imediato

as devidas providências.

Justiça por caridade

descubra este bandido

se apelarmos pra Deus

faz o que Ele é servido

para que vocês esperem

porque quem com ferro fere

com ferro será ferido.

CUT - Imprensa 17/05/2002

Margarida Alves

Novo julgamento

O latifundiário e médico José Buarque de Gusmão Neto, um dos acusados de ordenar o assassinato da líder rural Margarida Maria Alves vai a novo julgamento no dia 28 de maio. Zito Buarque, havia sido absolvido ano passado, mas a Justiça considerou que o resultado do julgamento era incompatível com as provas incluídas no processo. O crime ocorreu há 19 anos, na Paraíba, e até hoje nenhum dos assassinos foi punido.

CUT - Imprensa - 27/05/02

Julgamento suspenso

O julgamento de um dos acusados de ordenar o assassinato da agricultora Margarida Maria Alves, que estava marcado para hoje, dia 28, está suspenso. O réu, José Buarque de Gusmão Neto, conhecido por Zito Buarque, latifundiário e médico, obteve liminar junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). O ministro Gilson Dipp suspendeu o julgamento até a análise do mérito do pedido de habeas corpus. O crime ocorreu há 19 anos, na Paraíba, e até hoje nenhum dos assassinos foi punido. A Associação Nacional das Mulheres Trabalhadoras Rurais (ANMTR) encaminhou fax ao ministro da Justiça exigindo que o julgamento seja remarcado.

2 comentários:

Paulo Ávila disse...

Bom dia Moisés.
Gostei e muito admirei essa grande lutadora pela causa de seu povo.
Bonita homenagem que você vez a ela.
um abraço e um ótimo final de semana.
Paulo Ávila

Anônimo disse...

olá, sou Rosenilze de Campinas. conheci a história de Margarida Maria Alves e como a vida dela reflete a de muitas mulheres, fizemos uma homenagem e o nome da creche no bairro da Vila União em Campinas é de Margarida Maria Alves.