sábado, novembro 29, 2008

ZUMBI GUERREIRO VIVE EM SAPOPEMBA

Comentários Moisés Basílio: Essa semana continuamos as comemorações do 20 de novembro, dia da Consciência Negra no Sapopemba. Na quinta-feira, dia 27, tive o prazer de ajudar a animar a roda de discussão sobre a memória de Zumbi e as lutas libertárias hoje, junto com o Padre Luiz Fernando, companheiro de outros carnavais e que a tanto tempo não via.

Trinta anos depois do lançamento do manifesto que deu origem ao Movimento Negro Unificado e de uma nova etapa da luta do povo negro no Brasil, a luta continua. Em 1978 tinha 18 anos e trabalhava como office-boy no centro de São Paulo. Fui testemunha ocular do nascimento desse novo movimento negro, onde o político se cruzou com o cultural, com o econômico e o social.

Na minha opinião, a grande riqueza do atual Movimento Negro é a sua pluralidade. Não existe só um caminho para lutarmos contra o racismo. Axé!



27.11.2008 - Zumbi Vive em Sapopemba
De 27 a 30/11 ocorrem diversas atividades na região que celebram o legado de Zumbi dos Palmares e a Consciência Negra. Veja programação abaixo:

PALESTRA

Tema: A memória de Zumbi e as lutas libertárias do povo negro hoje contra a discriminação racial.

Palestrantes: Sr. Moisés Basílio Leal e Padre Luís Fernando

Data: 27/11/08

Local: Paróquia Santa Madalena

Horário: 19h30

OFICINAS DE IDENTIDADE NEGRA

Trançados e Cabelos Afro

Artesanato (brincos, colares, pulseiras...)

Culinárias Afro

Data: 29/11/08

Local: Paróquia Nossa Senhora de Fátima

Horário: 9h00 às 16h00

ALMOÇO AFRO

Data: 30/11/08

Local: Paróquia Nossa Senhora das Graças

Horário: 12h00

MISSA AFRO

Data: 30/11/08

Local: Paróquia de São Sebastião

Horário: 18h00

ORGANIZAÇÃO: Setor Sapopemba – Paróquias: São Sebastião, Santa Madalena, Nossa Senhora das Graças, Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora da Esperança, Divino Espírito Santo, Imaculada Conceição.



sábado, novembro 22, 2008

REDES SOCIAIS - Entrevista com David de Ugarte

Comentários Moisés Basílio: O eixo temático "redes sociais" tem sido uma das minhas prioridades de estudo no momento. Comecei a me interessar por essa temática no início da década de 90, por duas vias. De um lado pelos contatos com Francisco Whitaker, um amigo dos tempos da Pastoral da Juventude e que já trabalhava com o conceito de redes sociais desde os anos 70, e por outro lado acompanhando o trabalho de pesquisa sobre redes de jovens, da minha amiga Ann Mische. Mais recentemente tenho acompanhado essa discussão via meu amigo Augusto de Franco e as iniciativas da Escola de Rede. A seguir uma entrevista interessante que aponta de forma didática algumas questões atuais sobre as redes sociais. Axé.

Fonte: Sítio da RTS - Rede de Tecnologia Social - http://www.rts.org.br/entrevistas/david-de-ugarte-socio-da-sociedad-de-las-indias-electronicas-e-autor-do-livro-el-poder-de-las-redes

Entrevista: David de Ugarte, sócio da Sociedad de las Indias Electrónicas e autor do livro El poder de las redes.

Foto: Divulgação RTS
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David de Ugarte

30/04/2008 - Desde 1994, o especialista mundial em redes David de Ugarte desenvolve trabalhos, projetos e empreendimentos ligados à Internet. Atualmente, é sócio da Sociedad de las Indias Electrónicas, empresa fundada em 2002 com o objetivo de realizar análises de redes sociais. Nesta entrevista, que recupera parte do debate com representantes de instituições associadas à RTS durante o Encontro Redes – Nova Arquitetura Organizacional, realizado em São Paulo (SP), David fala sobre a evolução das redes centralizadas para redes distribuídas, da expansão da internet e do surgimento de novas esferas de relação social.

Quais as principais fragilidades de uma rede centralizada?
David de Ugarte - As redes centralizadas são redes geradoras de dependência. Se você perde o centro a partir do qual todos circulam, você perde toda a rede. É o limite da insustentabilidade do modelo organizacional. O que define uma rede distribuída é que se você elimina algum dos nós ela continua a pulsar. Podemos pensar isso em termos políticos, energéticos, culturais e muitos outros. O que temos de ter em mente é que a fórmula da rede social que liberta e se desenvolve de forma equilibrada é naturalmente distribuída.
De que modo as redes sociais influenciam na formação da identidade cultural nacional?

DU -
Eu acho que a identidade transmuta uma coisa que pertence ao indivíduo. Até agora pertencíamos à nossa religião, à nossa nação. Agora é a nacionalidade que pertence ao indivíduo. Então, temos um novo tipo de multiculturalidade, que não é de caixas ou separada e de onde você não pode sair. Passa a ser uma ação pessoal porque é você que passa a construir a rede. Então, quando falamos numa nação-rede, estamos falando de uma nação de identidade, não garantida pelo Estado, pelo nacionalismo, mas pelas próprias pessoas em seu interagir.

Como funciona essa nova rede que os blogs e Internet estão formando?

DU - Os blogs e a internet estão expandindo o campo do local. O local sempre foi distribuído, todos com todos. Vocês, no Brasil, têm uma instituição que gosto muito que se chama multidão. A blogosfera dá às pessoas a possibilidade de organizar multidões massivas num espaço social muito maior.
Qual a importância da internet na formação da opinião pública?
DU - Hoje, é a garantia de que a opinião pública não seja filtrada. É a promessa de uma opinião pública realmente pública, realmente de todos, onde você ou qualquer pessoa pode incorporar à agenda pública os temas que de fato nos interessam. Nesse processo, temos que entender que não é que a rede democratiza a informação. É que ela é a própria democracia.
Vivemos num país de base continental, onde a presencialidade que você considera fundamental para construir a confiança na rede é muito difícil. Como contornar esse desafio a partir da construção de redes não presenciais que só existem pela internet?
DU - Basicamente, com paciência, perseverança e uma boa infra-estrutura de conhecimento. A gente pensa que, para a rede, a infra-estrutura mais importante é de telecomunicações, os cursos de formação tecnológica. Não é. O que você tem que ensinar às pessoas é a perder o medo, se expressar, escrever, relatar sua realidade. A chave, quando falamos que a agenda pública democratiza porque a rede é a própria democracia, é que as pessoas comecem a fazer o relato de sua realidade. Não é um relato que vem de fora, na tradição messiânica, na tradição leninista. É o relato que sai do povo, da gente.

Muitas pessoas que tentam empreender localmente e se articular em rede não têm acesso à internet no Brasil. Como contornar esse gargalo?

DU - Quando falamos da exclusão digital, estamos defendendo o modelo de infra-estrutura pública. Hoje é cada vez mais barato garantir acesso à internet. Tomemos oexemplo de uma cidade de três milhões de pessoas, como Montevidéu. Você poderia doar uma conexão de internet para essas pessoas, para toda a vida, com um investimento básico de US$ 1,5 milhão. Então, isso é muito pouco para uma prefeitura como Montevidéu. Depois, pode, por exemplo, dar às empresas a oportunidade de vender a conexão global à internet. Fazer a rede local é um investimento muito pequeno. Na Espanha, temos experimentado a internet gratuita para uma cidade inteira.

O problema de inclusão é um problema de vontade política. A gente quer se incluir. Mas não podemos esquecer uma coisa. Em Montevidéu, os jovens, segundo um estudo apresentado este ano, dedicam um mínimo de duas horas por dia à internet e aos cibercafés. Hoje os cibercafés são espaços de liberdade, de coesão social. Em países como o Marrocos, homens, mulheres e jovens estão juntos, e estão juntos nos cibercafés. A sociedade é inclusiva. Se você deixa a mínima liberdade e as mínimas infra-estruturas, a sociedade inclui ela mesma.

É possível fazer uma distinção clara entre países ditos desenvolvidos e em desenvolvimento no que se refere à constituição de redes distribuídas?

DU - Não há diferenças por princípio. A diferença fundamental é cultural. A primeira grande mobilização em uma rede distribuída na internet, por exemplo, foi a queda do presidente das Filipinas. A segunda foi a queda do presidente Asnar na Espanha. A forma foi praticamente idêntica e a motivação muito similar, embora estes países sejam bastante diferentes.
Como podemos pensar na construção de redes que produzam conhecimento de forma colaborativa?

DU - A boa comunidade é uma comunidade de produção. A rede panal, na Argentina, é um bom exemplo. Formada por músicos amadores e profissionais, os integrantes da rede produzem música coletivamente e novas parcerias a partir da internet. É uma comunidade virtual, mas é sobretudo real por envolve pessoas que se dedicam a esta interação e à produção de conhecimentos que só podem passar a existir pela troca.

Como vê o futuro destas redes?
DU - Nosso esforço é a criação do tecido da rede e o futuro para nós é no hardware livre distribuído. Pode ser que parte da sociedade mantenha-se no Google, mas precisamos entender que entramos numa era em que precisamos fazer demandas que até agora só fazíamos ao Estado. O Google, por exemplo, é um monstro ao qual temos que reclamar direitos civis. Para diminuir os riscos precisamos distribuir também a rede de servidores.

sexta-feira, novembro 21, 2008

LÉVI-STRAUSS FAZ 100 ANOS

Comentários Moisés Basílio: Quando entrei no curso de Ciências Sociais na PUC/SP em 1981, aos 21 anos de idade, e em plena militância política, o que mais gostava estudar eram as disciplinas de Ciência Política e Sociologia. Em relação à Antropologia meu comportamento era igual a de uma criança que nunca comeu verduras ou legumes, mas que já de antemão não gosta. Meio contra vontade tive que me matricular nas disciplinas de Antropologia. E então, aqueles meus preconceitos e ignorância foram água abaixo. Entre os autores que estudei, o que mais me marcou foi Claude Lévi-Strauss pelo riqueza de suas análises. Esse meu encontro com Lévi-Strauss me fez olhar o Outro como sujeito, eu que mergulhado nas minha certezas ideológicas e políticas tinha uma visão já definida de mundo. O que mais me marcou foi começar a olhar esse Outro que estava ao meu redor, com suas histórias, mitos e culturas, como minha mãe, minha avó, os migrantes da favela do Parque Santa Madalena ou os operários metalúrgicos das fábricas da Mooca. Foi uma grande descoberta que guardo comigo até hoje. Axé!

Fonte: Site Cronópios 20/11/2008 03:38:00 - www.cronopios.com.br/site/ensaios.asp?id=3666
Entre gêmeos desiguais

Por Sérgio Medeiros

No dia 28 de novembro, o antropólogo Claude Lévi-Strauss completará 100 anos. Nascido em Bruxelas, de uma família de judeus alsacianos, Lévi-Strauss vive hoje em Paris, onde comemorará seu centenário, pois fez da França sua pátria. Autor de livros fundamentais, como Tristes Trópicos e Mitológicas (quatro volumes), Lévi-Strauss é considerado o maior antropólogo vivo e um dos grandes intérpretes da cultura ameríndia, tendo vivido no Brasil, onde estudou a cultura urbana e indígena do País, a partir de 1935. Para homenagear o célebre etnólogo decidi reler sua obra, ou, pelo menos, um de seus textos fundamentais, que resume suas grandes teses.

Publicado na França em 1991, o livro Histoire de Lynx (História de Lince), do antropólogo Claude Lévi-Strauss, atrai inicialmente o leitor pelas páginas bem-humoradas, destacando-se o prefácio, onde o autor afirma que seus estudos sobre mitologia indígena se situam entre os contos de fadas e os romances policiais, gêneros considerados fáceis de ler. Por isso ele se surpreende quando reclamam da complexidade de suas análises, embora admita que os quatro volumes que compõem as Mitológicas, publicados entre 1964 e 1971, possam ser difíceis. O fato é que Lévi-Strauss inventou, como os críticos reconhecem, uma nova linguagem para resumir e comparar mitos, um estilo inconfundível que começou a ser forjado nos anos 1950 e cuja verve e frescor perduram na História de Lince, um livro que retoma os anteriores, porém apostando na concisão e na simplicidade da exposição. Pode-se dizer que, nesse livro, Lévi-Strauss reviu toda sua obra e fez uma defesa contundente do método que sempre empregou para analisar os mitos. Clifford Geertz chega a dizer, num estudo sobre a originalidade do discurso antropológico, que “Lévi-Strauss não quer que o leitor olhe através de seu texto: quer que olhe para o texto”, situando-o numa linhagem literária que incluiria nomes como Baudelaire, Mallarmé, Rimbaud e em especial Proust. Quem freqüentar as páginas dessa obra-prima que é Tristes Trópicos, publicada em 1955, não ignorará sua assombrosa dimensão literária, digna de Mallarmé, caso esse poeta simbolista tivesse vivido na América do Sul, como já se afirmou.

Quando a Europa programava as comemorações dos 500 anos da descoberta da América, Lévi-Strauss lançou História de Lince e lembrou, em suas páginas, que houve invasão e destruição, não descoberta. O prefácio bem-humorado termina lamentando a destruição dos povos indígenas e de seus valores e anuncia um dos temas desse livro fascinante: o branco e o índio não seriam irmãos gêmeos? É possível sustentar essa hipótese?

A “descoberta” do Novo Mundo não teria agitado muito a consciência européia. Ao espanto inicial, nada espetacular, sobreveio certa indiferença, quando a cegueira voluntária do Velho Mundo se sobrepôs à evidência de que a sua “humanidade plena” não representava o gênero humano, mas uma parte dele. Para o século XVI, a descoberta da América teria confirmado, muito mais do que revelado, a diversidade dos costumes, como se nada de absolutamente novo tivesse sido trazido à luz. Outra teria sido, contudo, a reação dos índios quando se depararam pela primeira vez com os europeus recém-chegados ao seu território. Essas duas atitudes opostas são discutidas pelo antropólogo Claude Lévi-Strauss em História de Lince, onde ele se debruça sobre o papel que os brancos exerceram no imaginário indígena, antes mesmo do efetivo desembarque dos europeus no Novo Mundo.

Para falar do nascimento dos gêmeos mitológicos, Lévi-Strauss resume as relações sexuais possíveis entre humanos e não-humanos, numa época em que as fronteiras ontológicas eram porosas e pululavam contatos inusitados no território ameríndio. Nesse sentido, além de conto de fadas e de romance policial, a análise estrutural pode incluir também a narrativa erótica, sempre atribulada e exuberante: certa jovem, por exemplo, que recusou todos os pretendentes, acabou levando uma vida solitária e se resignou finalmente a desposar uma raiz, com a qual teve um filho, que cresceu ao seu lado. À medida que, nesse livro, os diferentes mitos vão sendo apresentados, o leitor se depara com vegetais e animais sedutores e, sobretudo, já nas páginas iniciais, com o lince, um velho pouco atraente que se une a uma moça virgem. O casal vive feliz porque o lince é, na verdade, um rapaz belo e forte. Quem imagina que o príncipe encantado é tema exclusivo da literatura do Velho Mundo será surpreendido, na História de Lince, por uma galeria de heróis bem-apessoados, embora, inicialmente, todos se caracterizem pela má aparência e a idade avançada. Contudo, há sempre uma pele jovem sob a pele encarquilhada, e o feio oculta o belo. Das uniões sexuais entre esses heróis ambíguos (seres sobrenaturais) e moças cobiçadas pelos homens nascem os gêmeos ameríndios.

Na América do Sul, à época da “descoberta”, os povos indígenas temiam em geral os gêmeos (estes podiam ser mortos ao vir ao mundo), embora eles também fossem venerados, como sucedia entre os incas. Os mitos ameríndios, contudo, parecem se comprazer em apresentar, em todos os rincões do Novo Mundo, nascimentos de gêmeos, filhos do mesmo pai ou de pais diferentes, seja porque a mãe se relacionou com dois homens ou com um homem e um animal. Segundo a tese de Lévi-Strauss, isso poderia ser explicado pelo fato de que o mundo e a sociedade estão estruturados sobre uma série de bipartições. As partes, porém, não são iguais, uma é sempre superior à outra. É o que acontece com os gêmeos míticos: eles são diferentes entre si, um agressivo, o outro pacífico; um forte, o outro fraco; um inteligente e hábil, o outro desajeitado e tonto etc. Tampouco os seios das mulheres são gêmeos idênticos, lembram os mitos: um é distinto do outro, pois o peito das índias é assimétrico.

Entre as mais importantes polaridades míticas, Lévi-Strauss destaca a bipartição em índios e brancos. Ele constata que os brancos, logo após sua chegada, foram facilmente incorporados à gênese ameríndia, como se o lugar deles nesse relato mítico já tivesse sido previsto antes da invasão do Novo Mundo. A criação dos índios, afirma Lévi-Strauss, tornava necessário que o demiurgo também criasse os não-índios. O deus civilizador Quetzalcoatl, por exemplo, anunciou que viriam pelo mar, de onde o sol nasce, seres semelhantes a ele mesmo, cuja aparência, conforme acreditavam os índios, era a de um homem grande, branco e de barba longa. Porém, o mesmo e o outro, idealmente gêmeos, sempre se revelaram desiguais nos mitos e na realidade. Esse desequilíbrio era ainda mais forte entre brancos e índios. Ou seja, os gêmeos não são de fato gêmeos, conclui Lévi-Strauss, tudo neles contradiz essa condição. O filho do Velho Mundo e o filho do Novo Mundo entraram inevitavelmente em conflito, o que os mitos já previam. O índios não puderam ficar indiferentes à chegada dos europeus, mas tampouco puderam reverter a seu favor a superioridade numérica. Há um pormenor inquietante nesse conto de horror e mistério, inserido em História de Lince: o incapacidade indígena de opor uma resistência eficaz ao europeu, mesmo quando 20.000 homens armados, por exemplo, se defrontaram, no Peru, com um número inexpressivo de espanhóis. Essa paralisia terá muitas explicações, inclusive a de que o intruso inicialmente foi visto, pelos incas e pelos astecas, e talvez por outros povos, como uma antiga divindade desaparecida, cujo retorno era esperado e anunciado.

É possível especular como seriam hoje as sociedades indígenas se o “reencontro” entre os gêmeos tivesse ocorrido milhares de anos atrás. Depois de percorrer os Ensaios de Montaigne, um europeu imune à “cegueira voluntária” que acometeu os homens do século XVI, Lévi-Strauss lembra, numa nota de rodapé, que o filósofo lamentou que a conquista do Novo Mundo não tivesse se dado no tempo da Grécia ou de Roma, quando as armas respectivas seriam comparáveis e o contato não teria redundado no extermínio dos mais fracos. Esse belo mito, sonhado por Montaigne e recuperado por Lévi-Strauss, não foi ainda narrado por ninguém. Os gêmeos continuam desiguais, sobretudo nesta parte do mundo, como o demonstra a História de Lince.

Sérgio Medeiros traduziu o poema maia Popol Vuh (Iluminuras, 2007), com a colaboração do americanista Gordon Brotherston, e publicou, entre outros, três livros de poesia. Ensina literatura na UFSC. Participará de uma homenagem a Claude Lévi-Strauss no Centro Cultural Arquipélago de Florianópolis, no dia 22 de novembro, às 19 horas, quando lerá seu poema longo “O retrato totêmico de Claude Lévi-Strauss”. E-mail: panambi@matrix.com.br