domingo, janeiro 28, 2018

LITERATURA JUVENIL E FUTEBOL

Moraes, Carlos. Um time para sempre. São Paulo: ÔZé Editora, 2011. Publicado em 1981 com o título: A vingança do timão. Foi totalmente revisto para esta edição.


Por Moisés Basílio Leal

É na juventude que realizamos nossos grandes feitos heroicos. Nesse livro do Carlos Moraes, que tem como personagem principal o time de futebol que leva nome do rio de uma cidade da fronteira gaúcha, o Pedra Moura Futebol Clube, ele descreve a trajetória de jovens tornando-se adultos e de alguns adultos que se permitem voltar à juventude através do futebol.

A narrativa se passa no bairro Popular lá pelos idos dos anos de 1970 e por 18 capítulos a saga se desenrola em várias pequenas histórias encadeadas em torno da organização de um time de futebol, ideia do filósofo e pedreiro Amaro e que contou com a participação ativa de toda a comunidade.

Amaro veio de outra cidade para trabalhar na região e acabou assentando moradia no Popular. Nas horas vagas perambulava pelo bairro e como apreciador de futebol acabou se encantando com os talentos dos jovens esportistas da localidade. Só que os rapazes estavam divididos em dois grupos rivais e coube ao Amaro à perspicácia de propor a união para a formação de um time forte.
      
Em meio às dificuldades para organizar o time, jovens e adultos também enfrentam as adversidades materiais e afetivas da vida social. Este é o fio condutor da narrativa que o autor com esmero desenvolve nos 18 capítulos do livro. Em cada capítulo um novo mistério a ser desvendado numa escrita leve e fluente. Confesso que li o livro numa sentada só, numa noite de domingo.

Esse livro foi publicado originalmente em 1981 com outro titulo: “A vingança do timão”, pela editora Brasiliense e nesse mesmo ano foi o vencedor do prêmio Jabuti na categoria de melhor livro juvenil.


A leitura me levou ao tempo de juventude com seus sonhos, desafios, medos e esperanças. Também houve um time de futebol no meu bairro, que não prosperou, e jovens que adoravam correr atrás da bola como o meu primo Newton, Robé, Nelson Mancha, Tampinha, Luiz Afonso, Cidinho, Claudio, Marinheiro, Waldemar, Waltinho etc. Ao terminar de ler o livro fiquei com uma dúvida: Nosso time não foi para frente por conta da falta de um Amaro, descobridor de talentos, para encontrar nossa outra metade, ou porque não éramos talentosos na nobre arte do esporte bretão. 

Capa da 1ª edição em 1981.