quarta-feira, junho 22, 2011

WILSON BAPTISTA: "O maior sambista brasileiro de todos os tempos”

Comentários Moisés Basílio: 

Meus conhecimentos sobre Wilson Baptista e sua obra foram se dando aos poucos, a contra-gotas. 

Primeiro conheci e gostei de suas composições, sem saber que elas eram dele. Depois encontrei o Wilson na polêmica com o Noel Rosa, e a princípio fiquei do lado do Noel, até porque só conhecia as músicas do Noel e a versão que o Almirante deu a contenda. Mas, essa já é uma outra história bem singular.

Com o advento da Internet, e com as novas tecnologias de reprodução dos audios, o acesso a produção musical do passado foi democratizado. Ouvindo Wilson pude sentir a grandeza do compositor e sempre senti a falta de um estudo mais sistematico da sua obra e também de sua divulgação.

Traçando um paralelo, Wilson na música se assemelha muito ao Lima Barreto na literatura no que diz respeito a terem suas obras marginalizadas. Também há semelhanças nas temáticas, ao tratar os diferentes aspectos do cotidiano do povo carioca e também uma certa forma de compor sem muitos formalismos, como diz Rodrigo Alzuguir, ele faz parte de uma geração que inovou ao criar o samba de bossa.

A iniciativa do pesquisador Rodrigo Alzuguir, biógrafo de Wilson, de realizar o projeto O samba carioca de Wilson Baptista, resgata a importância do sambista. E os frutos já estão aí. O musical com grande sucesso no Rio e a primeira tiragem do CD se esgotou nas primeiras semanas do lançamento. Espero com ansiedade o lançamento do livro com a biografia do nosso Wilson. A seguir um breve dossiê com o material sobre o Projeto. Axé!


Fonte 1: 
Blog O samba carioca de Wilson Baptista
http://osambacariocadewilsonbaptista.blogspot.com/

Fonte 2:
Rádio Batuta http://ims.uol.com.br/Radio/D609
Projeto do Instituto Moreira Salles
Programa Especial Wilson Baptista
Entrevista com Rodrigo Alzuguir. Apresentação de Francisco Bosco, produção de Carla Paes Leme e sonorização de Filipe Di Castro.


Fonte 3:
Quase que o tempo apagou

Musical e CD atestam: Wilson Baptista foi mais que rival de Noel

Roberta Pennafort / RIO - O Estado de S.Paulo - 21/06/2006 - D10, Caderno 2, pág. 10.
Há quem pense que Meu Mundo É Hoje (eu sou assim/ quem quiser gostar de mim/ eu sou assim) seja um samba de Paulinho da Viola. E que Acertei no Milhar tenha sido composto por Moreira da Silva. São ambos de Wilson Baptista (1913-1968), artista de enorme sucesso dos anos 30 ao 60, considerado por Paulinho "o maior sambista de todos os tempos".
Arquivo O Cruzeiro/Em/D.A Press/Divulgação
Arquivo O Cruzeiro/Em/D.A Press/Divulgação
O sambista. Mais de 600 músicas no currículo e uma rivalidade com Noel expressa em várias canções
Hoje - apesar de vez ou outra ser lembrado pela série de sambas-provocação trocados com Noel Rosa, este, sim, eternizado -, ele é tão ignorado que, ao ver sua imagem no cartaz do musical que resgata seu fabuloso repertório, houve gente que perguntasse, ao se deparar com apenas dois atores em cena: "Cadê o outro ator que está no cartaz?"
Escrito e encenado por Rodrigo Alzuguir e Cláudia Ventura, o espetáculo se chama O Samba Carioca de Wilson Baptista. Foi um fenômeno ano passado, no Rio, e deve chegar a São Paulo em breve. A estreia foi no Teatro Café Pequeno, de 120 lugares. Depois veio o Carlos Gomes, de 685 lugares. E o sucesso se repetiu.
O(s) segredo(s)? Música boa, bem executada, belas vozes, interpretação cheia de graça. A música agora pode ser levada para casa: a caixa, homônima da peça, tem um CD com toda a sequência de 63 músicas, sendo pontos altos números como Louco, Emília, Seu Oscar e Mundo de Zinco.
O CD Reserva Especial tem 20 faixas desconhecidas, gravadas por artistas que se relacionam de alguma forma com a obra de Baptista, alguns já seus intérpretes, como Elza Soares (que no CD mostra Artigo Nacional, gravado há 70 anos e nunca mais) e Zélia Duncan (Que Malandro Você É!, resgatada por Alzuguir numa revista velha).
O elenco, que gravou ano passado (o CD só está saindo agora porque o sucesso teatral o atropelou), tem ainda nomes como Mart"nália, Céu, Teresa Cristina, Rosa Passos e Roberto Silva. As inéditas Alzuguir conseguiu em dez anos de pesquisa, em fitas caseiras, publicações microfilmadas pela Biblioteca Nacional e com a ajuda da família de Baptista. São sambas que o compositor queria ter visto gravados por Aracy de Almeida, Linda Baptista ou Chico Alves, mas não conseguiu.
Ver sua redescoberta pelo público, passadas quatro décadas de sua morte, é motivo de alegria entre os sambistas. E de surpresa: o CD segue a trajetória de êxito da peça. A primeira tiragem da Biscoito Fino, de 1.500 exemplares, está esgotada, e uma nova está saindo.
"A obra dele é muito teatral. Quando comecei a estudar as músicas, vi que eram minioperetas. Caso Wilson fosse americano, seria o rei da Broadway. Ele era tímido para vender as músicas para os cantores gravarem. Morreu esquecido. Se tivesse vivido mais um pouco, teria chegado à época em que outros autores, como Cartola e Nelson Cavaquinho, foram redescobertos", diz Alzuguir. Em 2013, ano do centenário do compositor, ele vai lançar sua biografia.
Filho da classe baixa, Baptista nasceu em Campos, no interior do Rio, e veio criança para a capital com a família. Logo se ambientou na malandragem da Lapa e da Praça Tiradentes. Faz três anos que Cláudia Ventura embarcou na "obsessão" de Alzuguir pelo "mulato disfarçado" que compôs mais de 600 músicas.
O "maestro caixa de fósforo", como chamava Custódio Mesquita, vivia de escrever crônicas sociais de seu tempo. As mais conhecidas são as que narram a rivalidade com Noel, que teria se originado numa disputa por uma morena de um cabaré da Lapa: de Baptista, Mocinho da Vila, Frankenstein da Vila, Conversa Fiada e Terra de cego; de Noel, Rapaz Folgado, Palpite Infeliz.
Noel não gostava da apologia da malandragem, em versos como "Eu sou vadio/Porque tive inclinação", de Lenço no Pescoço, que detonou a "briga"; Baptista respondia que Vila Isabel não era o paraíso dos sambistas. Acabaram amigos e parceiros.
Morto aos 26 anos, Noel mereceu grande cortejo e enterro assistido por personalidades. Já Baptista morreu sem que se fizesse alarde, e sem nada, quatro dias depois de fazer 55 anos.
O SAMBA CARIOCA DE WILSON BAPTISTA
Biscoito Fino
Caixa com 2 CDS
R$ 40,80

Fonte 4:
Disco duplo dá dimensão nacional ao samba carioca de Wilson Baptista
Resenha de CD
Título: O Samba Carioca de Wilson Baptista
Artista: Claudia Ventura, Rodrigo Alzuguir e convidados
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * *

Originado de um espetáculo de teatro protagonizado por Claudia Ventura e Rodrigo Alzuguir, o disco duplo O Samba Carioca de Wilson Baptista dá dimensão nacional à obra de um compositor que caiu em injusto esquecimento. Produzido por Alzuguir sob a direção musical de Nando Duarte, o oportuno  projeto fonográfico registra 89 músicas de Wilson Baptista (1913 - 1968) - selecionadas dentro de obra autoral estimada em mais de 600 títulos - e mostra que o compositor merece ser lembrado sobretudo por seus (bons) sambas e não apenas pela (infeliz) polêmica travada com Noel Rosa (1910 - 1937) nos anos 30. O CD 1, Reserva Especial, apresenta gravações de sambas raros - alguns até inéditos - nas vozes de cantores convidados. Com seu suingue que extrapola fronteiras, Elza Soares realça todas as nuances de Artigo Nacional (Wilson Baptista e Germano Augusto), composição de 1940 que transita entre o samba e o fox. O tema nunca tinha sido regravado após seu registro original - assim como Apaguei o Nome Dela (Haroldo Lobo, Wilson Baptista e Jorge de Castro), samba de 1945, ora revivido por Marcos Sacramento, cantor recorrente no CD 1. Também recorrente na ficha técnica, Cristina Buarque está inteiramente à vontade no partido alto O Teu Riso Tem (Roberto Martins e Wilson Baptista, 1938), no samba Venha Manso (O Tambor do Edgard) (José Baptista e Wilson Baptista, 1948) e no interiorizado tema Timidez (1954), faixa que destaca o piano do arranjador Marcelo Caldi. Destoando do afiado time de intérpretes, Céu empalidece Nega Luzia (Wilson Baptista e Jorge de Castro), samba lançado em 1956 por Cyro Monteiro (1913 - 1973) e adensado por Paulinho da Viola em magistral gravação de 1973. Com sua bossa particularíssima, Rosa Passos repõe o disco nos trilhos ao regravar Oh, Dona Ignez! (Wilson Baptista e Marino Pinto), samba de 1949, até então esquecido. Na sequência, Zélia Duncan apresenta o melhor título da (ótima) safra de sambas inéditos revelados por Rodrigo Alzuguir, Que Malandro Você É!, tema de 1956 que ganha seu primeiro registro fonográfico em 55 anos. Entrosados, Nina Becker e Wilson das Neves retratam as mazelas conjugais a partir da ótica da mulher - representada por Nina, intérprete do inédito samba Interessante (Wilson Baptista e Erasmo Silva, 1946), unido em medley com Essa Mulher Tem Qualquer Coisa na Cabeça (Cristóvão de Alencar e Wilson Baptista, 1942). Também inédito, o samba Não me Pise o Calo (Wilson Baptista e Carlos de Souza) ganha tom rural no registro de Mart'nália. Outro samba que tem seu primeiro registro fonográfico - no caso, na voz de Tantinho da Mangueira - é Rei Chicão, composto somente por Wilson há mais de 40 anos, com letra que já expõe a criação de poder paralelo nos morros e favelas. Fora da roda de samba, mas dentro da fronteira carioca, Reserva Especial destaca ainda a inédita e linda marcha-rancho Nelson Cavaquinho (Wilson Baptista e Manoel Pereira de Andrade), feita em tributo ao homônimo compositor. Com menor valor documental, embora também registre sambas inéditos como Transplante de CoraçãoBalzaquiana (La Balzacienne), o CD 2, O Espetáculo, amplia o valioso painel da obra do compositor ao reconstituir o roteiro do musical protagonizado por Claudia Ventura e Rodrigo Alzuguir. Em 24 faixas, algumas com falas, os atores apresentam 55 títulos da obra de Wilson Baptista de Oliveira, compositor que fez samba à moda carioca, com direito a um reconhecimento nacional que começa a vir com este projeto de Rodrigo Alzuguir.


2 comentários:

Rodrigo disse...

Olá Moisés Basílio!
Muito obrigado pela ajuda na divulgação do Wilson Baptista e do nosso projeto! Vc fez um apanhado muito bom das coisas que têm saído sobre ele. Vi nas estatísticas do meu blog que várias pessoas que lá foram vieram do link que vc disponibilizou aqui no seu.
Em breve estaremos aí em São Paulo. Estamos trabalhando para isso.
Abção
Rodrigo (Alzuguir)

Professor Moisés Basílio disse...

Para o pesquisador Moisés Basílio “Wilson na música se assemelhou muito ao Lima Barreto na literatura no que diz respeito a terem suas obras marginalizadas.” Wilson Batista morreu em 7 de julho de 1968 aos 55 anos. Ele faz parte do rico acervo da história da MPB e a lembrança de suas canções nos faz refletir sobre a diversidade cultural popular brasileira com suas raízes notadamente africanas.

*Marcos Aurélio Ruy é colaborador do Vermelho - http://www.vermelho.org.br/tvvermelho/noticia.php?id_noticia=217798&id_secao=29