segunda-feira, agosto 11, 2008

DIA DOS PAIS 2008

Comentário Moisés Basílio: Parodiando uma canção do Milton Nascimento, certos poemas que leio cabem bem dentro de mim. O poema Infância é de autoria do Carlos Drummond de Andrade. Ao ler, tomei a liberdade de adaptá-lo à minha realidade - os verso em itálico e negrico foram escritos por mim. É um lindo poema, que me fez lembrar meu querido Pai e minhas raízes ancestrais negra. Não o pai da minha idade adulta, mas meu Papai de criança. Axé!

INFÂNCIA

Meu Pai pegava o ônibus, ia para o centro da cidade.
Minha Mãe ficava sentada cosendo.
Minha irmã pequena dormia.
Eu sozinho menino entre mangueiras
lia a história de Robinson Crusoé.
Comprida história que não acaba mais.

No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
a ninar nos longes da senzala - e nunca se esqueceu
chamava para o café.
Café preto que nem a preta velha minha Avó
café gostoso
café bom.

Minha Mãe ficava sentada cosendo
olhando para mim:
- Psiu... Não acorde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito.
E dava um suspiro... que fundo!

Lá longe meu Pai trabalhava
nas ruas sem fim da cidade

E eu não sabia que minha história
era mais bonita que a de Robinson Crusoé.

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